terça-feira, 21 de junho de 2016

A saudade acaba

          A saudade acaba. Às vezes. Num dia ensolarado e de calor que esquenta os corações apaixonados, a saudade vai, e junto com quem chega, vem aquele gostinho de satisfação, desfaz o nó que antes havia sido feito no coração. Agora, as lágrimas da escuridão se vão, tudo cresce mais uma vez. No verão.
         A saudade acaba. Às vezes. Numa noite fria do inverno que congela, lá vem ela, a que leva o sono embora, e traz de volta a imensidão. Ou não.
         A saudade acaba. Às vezes. Numa tarde laranja de outono, escorre a lágrima que um dia aqueceu e hoje lamentou. As folhas vão, ela vem, cheia, graciosa, enche os olhos da agua que embaça a visão, então, aquele vago pensamento da perda que agora já não é mais nova, chega. Em completo vão.

         A saudade acaba. Às vezes. Numa madrugada fresca de primavera, a noite clara, estrelas, floresce o pensamento de confusão da menina. Paixão, ódio, amor, vida, morte, superação. Menina que do sono temia. A saudade sai de fininho, triste por sua rejeição, e abre um sorriso no rosto da menina, então.

terça-feira, 7 de junho de 2016

LIXO

Eu sou um lixo. Lixo. Não o adjetivo que as pessoas usam pra dizer que a vida delas tá uma merda e que elas tão deprimidas, tipo; “minha vida e um lixo e bla, bla, bla” , mas sim um lixo mesmo. Literalmente, melhor dizendo.
Eu podia ser daqueles verdinhos lá, que as pessoas jogam/(deveriam jogar) os plásticos das embalagens do salgadinho, os papéis alumínios que embrulharam a bisnaguinha de uma quarta-feira de papinhas, ou então as caixinhas de suco de maça, mas não. Algum infeliz resolveu me pintar de preto por inteiro e grudar uma espécie de adesivo na minha testa escrito “ORGÂNICO”, o que me põe na função de armazenar todos os restos desprezados de alimentos, como a casca da banana do menino que come sozinho, o bagaço nojento, mordido e babado da professora, até mesmo as migalhas do bolodo menino do capuz amarelo, gêmeo da menina que joga futebol. Pois é. Tao desprezado quanto os restos desprezados. Ou talvez mais. É, definitivamente mais.
Agora uma revelação... ás vezes, tenho umas “brisas” (como dizem as crianças) e me  imagino famoso no mundo por ter a maravilhosa voz que eu tenho, e começo a cantarolar por aí. Quer dizer, por aí não né, porque eu não saio do lugar, mas vocês me entendem, vai... Um dia, uma faxineira, já meio velha por sinal, estava varrendo o chão do pátio da escola, e por alguns instantes  eu me esqueci de sua existência e simplesmente comecei a cantar. Mais alto. Um pouco mais. Não mais alto que o berro que a pobre idosa deu... É, ela morreu. De infarto, sei lá
Aqui vai outra revelação; de vez em quando, pra me sentir melhor, eu dou daquela de gente clichê, e de algum mísero jeito, eu tento colocar na minha cabeça que todos os restos são os que me compõem, e que eu não estou mais tao vazio, e por milésimos de segundos, eu consigo me sentir um tanto menos infeliz, até que eu chego na parte de me esvaziarem. Vai tudinho pro lixão, o mestre, e então eu me sinto vazio novamente
Eu vivo ouvindo as criancinhas mimadas “xingando” umas as outras de lixo, tipo; “ah, seu lixo”, ou; “você é um lixo...”, ou... Não sei.mas elas não sabem o quanto isso é ofensivo.
Mas fazer o que além de esperar o dia clarear mais uma vez e eu de novo, rezar pedindo que uma criança maldosa me chute bem forte e me quebre ao meio. Mas isso não vai acontecer, então acho bom eu parar de criar expectativas logo, antes que eu me decepcione de novo... Então aceita;

Você é um LIXO.
Ter ou não ter criatividade

Lemos uma crônica de nome “ter ou não ter namorado”. No início, eu gostei, até que o Pedro passou um exercício pra gente, no qual nós tínhamos que escrever uma crônica inspirada nesta, porém, trocar o “namorado” por algo que você quisesse. Muita gente obviamente escolheu o tema irmão. Não necessariamente irmão biológico, podia ser tipo de coração.  Até escreveram uma crônica dessas pra mim... Tiveram uns que escolheram ter ou não ter sapato, amor platônico, filhos, entre outros. Confesso que a minha primeira ideia foi ter ou não ter irmã, mas o exercício acabou passando batido, tanto é que eu só comecei a escrever agora.
Eu não sou do tipo de escrever crônicas românticas, bonitas, poéticas... eu sinceramente não tenho saco pra isso. Minha vibe mesmo, vai mais pro lado do humor, que nem a maioria das crônicas do Antonio Prata. São mais descontraídas e com uma linguagem fácil e normalmente compreensível pra quase todas as idades.
Acho que vocês já perceberam que eu to fugindo um pouco do assunto, né, então vamo voltar ao que interessa.
Ter ou não ter criatividade. Achei uma ideia genial. Genial por que essa pode ser uma tentativa de mandar um tipo de indireta pra todos os professores que nos dão trabalhos que exigem parte da nossa criatividade, e que no final, ficam meio decepcionados comigo por que eu fiz um trabalho um tanto mixo. Pois é, entendam que a minha criatividade vem de acordo com o meu humor. Essa crônica, por exemplo, não é das mais criativas pois hoje eu to meio  irritada por conta da sopa que eu vou tomar no jantar. Mas pra qualquer das minhas crônicas sair boa, eu tenho que estar inspirada, concentrada ou bem humorada.  (agora vocês devem estar pensando tipo, “nossa, a Bia não é muito feliz” pela quantidade de crônicas que eu tenho, mas não me levem a mal; quando eu estou feliz, escrever uma crônica não é a primeira coisa que eu penso...)
Essa ideia veio meio espontaneamente. Eu cheguei em casa e fui estudar. No meio desse raro acontecimento, eu me desconcentrei e tive a brilhante ideia de desenhar na minha mão, ignorando o fato de que provavelmente mais tarde, meu pai me daria uma bronca por isso. Enfim, então eu lembrei dos blogs de português e do Pedro falando que nos daria notas para estes. E é ai que vocês se perguntam; “Mas Bia, o que a sua mão tem a ver com tudo isso?” e então eu vos respondo; não tem nada a ver com a minha mão, e sim com o que estava escrito nela, no caso, “blog port”.
Agora voltando mais uma vez; ao ver a minha mão eu pensei naquele “oh ou” típico de Bia e decidi que tinha que fazer mais uma crônica pra postar no blog ou eu ia pra recuperação... eu preferi ficar com a primeira opção. Comecei a pensar nos exercícios que fizemos e então, lembrei desse. Agora o problema não é mais tão concentrado em qual crônica eu vou escrever, e sim, ter ou não ter O QUE.
A primeira coisa que eu pensei foi irmão, mas ai não dava por que eu ia levar mais tempo decidindo se a irmã era a Lívi ou a própria Nug, então pulei pra próxima ideia; ter ou não ter irmão, mas me geraria outro problema; Park, Cotrim, Caike ou Kito? Desisti da ideia dos irmãos e comecei a encher o saco da minha mãe pedindo ideias, até que tive a melhor; TER OU NÃO TER CRIATIVIDADE.
Eu posso ser uma pessoa criativa, assim como eu tenho a incrível capacidade de ser incrivelmente não criativa. Pra mim pode ser um extremo desafio escrever uma crônica por exemplo, durante uma aula, ou então num lugar com muita gente ou muito barulho.

Bom, acho que se eu continuar escrevendo, as pessoas vâo se desinteressar então acho bom parar por aqui. Eu sei que eu fugi um pouco do assunto durante o texto e as pessoas vão reclamar bastante e dizer que ficaram confusas, e eu peço desculpas por isso, mas sejamos honestos, eu sou uma pessoa confusa, tenho dificuldade de expressar minha opinião ou ideia, imagina fazendo uma crônica... pois é, foi no que deu e tanto fez que agora tanto faz.

terça-feira, 3 de maio de 2016

   

Menino Antonio

O nome dele era Antonio. Quer dizer, eu acho né. Pelo menos tinha cara de Antonio, mas não sei dizer ao certo.
Antonio tinha lá pelos seus oito, nove anos. Aquela idade difícil... Apronta ali, apronta acolá, besteira ali, lá, cá... Dó mesmo eu tenho de seus pais, que provavelmente fazem de tudo para ver seu filho se quer uma vez acalmado, tranquilo, ou então sentado direito numa cadeira. Acho que é essa a idade que a maioria dos pais se separam, pois perdem a esperança e ficam exageradamente estressados. Mas talvez eu esteja falando muita bobagem, afinal, eu não sei absolutamente nada sobre relações de pais e filhos.. Se bem que Antonio tinha uma cara meio de criança com pais um tanto não presentes, digo eu e minhas não habilidades e entendimentos sobre o assunto.
Nome bonito que o menino tem... Na verdade, que eu dei pra ele. Me lembra a época do Grão, minha primeira escola. Mas enfim, eu gosto de observar o Antonio indo para a casa, suponho eu, com sua mochila Jansport azul escuro e preta, todo alegre, com um caminhar infantil e saltitante, como se estivesse ansioso para algo que o esperava em casa. Ou talvez ele simplesmente estivera feliz esse tempo todo de volta pra casa, pois não gosta da escola. Ou talvez por que ele fosse jantar sua comida favorita.
Sempre fui muito curiosa em relação ao menino. Nunca troquei uma palavra com ele, sequer um olhar, apenas o vejo todos os dias enquanto volto do trabalho, por trás de um vidro escuro que nos impede de ter qualquer contato.
Não me lembro ao certo o dia em que percebi que eu via o mesmo pequeno menino andando alegre e solitariamente de volta pra casa, mas acho que já fazem uns dois anos. Eu não me lembro muito bem de como ele era.
Às vezes fico imaginando se algum dia na vida, Antonio mudará de casa, e eu não o verei mais todos os dias, ou então se ele mudar de escola assim, consequentemente o caminho também mudará... Será que ele também me vê assim? Ele vê uma moça de trinta anos todo dia voltando pra casa, cansada, com o mesmo moletom cinza de elefante e calça jeans nos dias de frio? Ou então no calor, o vestido florido que eu ganhei da minha mãe e o all star azul? Será que um dia verei Antonio mais velho, e terei a coragem e atitude de chegar pra ele e dizer que vi ele crescer?

É, não sei, isso é meloso demais pra mim, fora que acho que nem vou lembrar dele, então deixa pra lá.